terça-feira, 6 de outubro de 2009

Belo documentário


No filme Nós que aqui estamos por vós esperamos, produzido no Brasil no ano de 1998, o diretor e produtor Marcelo Masagão retrata o século XX de uma forma ficcional, porém o uso de imagens e fatos verídicos traz um ar do gênero documentário incorporado ao sentimento poético da obra.

O século sangrento e revolucionário que foi o século XX é mostrado de maneira emocionante, ao se explorar fatos que marcaram a história da humanidade. A explosão industrial, as guerras, a tomada de espaço das mulheres em todos os setores, as diferenças dos avanços tecnológicos em diferentes partes do mundo e também a popularização de uma cultura de hábitos de massa.

Essa cultura é mostrada explicitamente no filme, a industrialização dos locais de trabalho, os eletrodomésticos, a vida exaustiva e conturbada das cidades, tudo isso são fatores parciais de uma forma de vida que se tornava “moda” do século passado.

Através de personagens fictícios e figuras conhecidas, Marcelo Masagão faz uma mostra desta cultura que transformaria não só o modo de viver, mas também o de pensar, a realidade intelectual da humanidade.

A evolução da fabricação de automóveis, que deu as cidades aquele aspecto de novo mundo, deixaram-se os cavalos, o carro é um dos, se não o maior, ícone da vida comodista e corrida que nasceu no século XX. A eletricidade, o rádio, famílias reuniam-se em frente ao novo aparelho, deixava-se os livros, as conversas sobre a vida, sobre a família, as rádionovelas eram o assunto. Com a chegada da televisão o hábito se exacerbou. Agora os ídolos não eram mais figuras políticas, históricas, líderes ideológicos, agora eram personagens, aquilo era idealizado e transmitido para o dia-a-dia, tomando espaço de muitas coisas que foram esquecidas.

Essas evoluções chegaram também aos campos de batalha, no lugar da espada do século XIX, agora se encontram a bomba, os aviões, as metralhadoras, artigos bem mais eficientes em seu propósito.

Em todo este contexto o que fica mais eminente é a banalização da vida humana. Pessoas não são mais vistas como indivíduos, mas sim com parte e um todo. Agora são consumidores, soldados, espectadores, pedestres. O que antes identificava um homem, agora identifica um grupo, uma nação ou até mesmo uma “raça”.

Fatos como a revolução do sexo feminino contra um mundo machista e até mesmo doenças modernas como o estresse, podem ser tomados como resultado desse processo que enxurrou o século XX. As ocasiões propiciavam tais consequências e algumas pessoas que se sobressaíam aos demais, aproveitavam as oportunidades e ficaram conhecidos como pioneiros de certos movimentos. Marcaram o mundo com suas ideologias, tinham apoio na persuasão dos demais, aproveitando-se da receptividade dos homens para mudanças, sejam elas boas ou más.

Durante o século passado, a humanidade fechou os olhos para si e abriu-os para o mundo, ao aceitar as mudanças culturais de hábitos, estava condenando talvez o futuro da humanidade a serem meros espectadores de suas próprias vidas.

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